2 de dezembro de 2008
Uma metanálise associada com revisão sistemática da literatura analisou cerca de 140 artigos científicos, incluindo 282.137 casos, para verificar se há associação entre o excesso de peso corporal, medido pelo índice de massa corporal (IMC), e os diferentes tipos de cânceres. Também investigaram as diferenças dessa associação com relação a sexo e grupo étnico.
Neste estudo, os pesquisadores observaram que, em homens, o aumento de 5 kg/m2 no IMC (que corresponde a um ganho de peso de cerca de 15 kg em indivíduos com IMC de 23 kg/m2) teve forte relação com adenocarcinoma esofágico [razão de risco (RR)= 1,52, p < rr =" 1,33," p =" 0,02)," rr =" 1,24," rr =" 1,33,">
De forma semelhante, mulheres com o acréscimo de 5 kg/m2 no IMC (que corresponde a um ganho de peso de cerca de 13 kg em indivíduos com IMC de 23 kg/m2) apresentaram maior chance de desenvolver câncer endometrial (RR = 1,59, p < rr =" 1,59," p =" 0,04)," rr =" 1,51," rr =" 1,34,">
Os autores também notaram que a associação entre o IMC e os tipos de cânceres foram similares nos estudos encontrados da América do Norte, Europa, Austrália e na região asiática. Neste último, porém, houve maior correlação entre o IMC e os cânceres de mama na pré e pós-menopausa. “Estas observações epidemiológicas podem informar os mecanismos biológicos que relacionam a obesidade com o câncer”, prevêem os pesquisadores.
“Os possíveis mecanismos que podem explicar essa relação entre o excesso de peso corporal (incluindo o sobrepeso e a obesidade) e o risco de câncer são os três sistemas hormonais a seguir: insulina e a insulina ligada ao fator de crescimento (IGF, do inglês insulin-like growth factor), hormônios esteróides e adipocinas”, explicam os autores.
Uma hipótese é que uma hiperinsulinemia crônica diminuiria dois tipos de IGF. Com isso, aumentaria a disponibilidade de um outro tipo de IGF, a IGF-I. Em conseqüência, haveria uma mudança no ambiente celular favorável à formação de tumor. “A concentração total de IGF-I é maior nos homens do que nas mulheres, o que poderia explicar, em parte, a diferença de risco de câncer entre os sexos”, apontam.
Os pesquisadores acrescentam que os hormônios esteróides podem influenciar, por exemplo, no risco de câncer endometrial, uma vez que o aumento de estradiol facilita a proliferação de celular, inibe a apoptose (morte celular programada) e estimula a síntese local de IGF-I nesse tecido.
Com relação às adipocinas, a mais abundante é a adiponectina. Ela é secretada principalmente pelos adipócitos viscerais e está inversamente correlacionada com o IMC. “Muitos estudos relataram a associação inversa entre a concentração de adiponectinas e o risco de desenvolvimento de câncer”, explicam os autores.
“É fundamental encontrar uma intervenção efetiva para a redução do IMC na população, para que esse risco também possa ser diminuído. Isto permitirá formular estratégias de saúde pública”, concluem.
Autor: Thiago Manzoni Jacintho
Referência(s)
Renehan AG, Tyson M, Egger M, Heller RF, Zwahlen M. Body-mass index and incidence of cancer: a systematic review and meta-analysis of prospective observational studies. Lancet. 2008;371(9612):569-78.
Retirado de: NUTRITOTAL. Disponível em: http://www.nutritotal.com.br/notas_noticias/index.php?acao=bu&id=361
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